
SE ÀS VEZES DIGO QUE AS FLORES SORRIEM
Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios…
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.
Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos…
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa cousa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.
Alberto Caeiro, de “O Guardador de Rebanhos” (1914)



Pobres das flores nos canteiros dos jardins regulares.
parecem ter medo da policia…
Mas tao boas que florescem do mesmo modo
E têm o mesmo sorriso antigo
que tiveram para o primeiro olhar do primeiro homem
que as viu aparecidas e lhes tocou levemente
para ver se elas falavam…
(tamen de Alberto caeiro)
By: breaseixo on 01/04/2012
at 17:01